O Valente de Teclado e o Silêncio da Justiça
Por Osvaldino Vieira de Santana, 22/08/2025
Ser bolsonarista raiz virou quase um personagem de novela. É aquele sujeito que, no calor das redes sociais, se apresenta como destemido, patriota de peito estufado, pronto para enfrentar qualquer inimigo da “nação”. Um verdadeiro herói de WhatsApp.
Passa o dia inteiro disparando bravatas: xinga ministro do Supremo, acusa jornalistas, desdenha da ciência e desafia a própria democracia com discursos inflamados. É o típico “bravateiro”: fala grosso, promete mundos e fundos, jura que vai “salvar o Brasil”.
Mas, quando chega a intimação da Justiça… ah, meu amigo, aí a coisa muda de figura. O leão das lives vira um gatinho manso. A valentia escorre pelo ralo, a fala empolada dá lugar ao silêncio constrangido e, muitas vezes, sobra apenas um pedido tímido de desculpas.
No fundo, ser bolsonarista raiz é isso: ser valente na boca, mas frágil no corpo. É viver de bravata, como se coragem fosse apenas gritar mais alto e atacar sem pensar. A verdadeira coragem, porém, não está no grito, mas em assumir as consequências dos próprios atos.
E é justamente aí que o “herói de teclado” tropeça. Porque bravata não sustenta ninguém diante do juiz — e fanfarronice não é sinônimo de coragem.
O Bravateiro Raiz
Por Osvaldino Vieira de Santana
Na praça virtual faz alarde,
fala grosso, se diz valente,
bate em ministro, cospe na ordem,
se acha herói de toda gente.
Com dedo em riste e peito inchado,
prega coragem, promete ação,
mas na verdade é só fanfarrão,
vendendo mito já desbotado.
Quando a Justiça bate à porta,
a voz some, o tom se entorta,
o bravo vira réu calado,
herói de barro, desmascarado.
Bravateiro raiz é assim:
faz barulho, ameaça sem fim,
mas diante da lei, tão serena,
se encolhe, pianinho, e pena.
