500/12-Brasil sob “Bozotaxa”: Bolsonaro, nacionalismo de vira-lata e riscos geopolíticos

 




Por Osvaldino Vieira de Santana – 13 de julho de 2025

O aumento das tarifas anunciado pelos Estados Unidos ao Brasil — com alíquotas que chegam a 50% sobre produtos-chave do agronegócio e da indústria de base — confirma o que muitos analistas já alertavam: esse movimento não tem motivação ideológica, tampouco se trata de uma suposta represália às declarações do presidente Lula.

A tentativa da extrema-direita de imputar à diplomacia brasileira a responsabilidade por medidas protecionistas do governo Trump foi desmentida de forma categórica pela reportagem da BBC publicada ontem, 12 de julho de 2025. O texto desmonta a tese de que as tarifas são uma resposta pessoal aos posicionamentos políticos de Lula. Ao contrário, evidencia que os EUA estão adotando uma política comercial agressiva em escala global, atingindo inclusive aliados históricos como Canadá, Japão, União Europeia e Coreia do Sul.

📉 A farsa da “represália a Lula”

Segundo a BBC, as tarifas americanas se baseiam em “critérios técnicos e estratégicos de proteção da indústria nacional”, e não em retaliações diplomáticas. Lula, aliás, reconheceu de forma imediata tanto a eleição de Joe Biden, em 2020, quanto a de Donald Trump, em 2024. Em suas palavras, após a eleição recente:

“Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à presidência dos Estados Unidos. A democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada.”

⚠️ “Bozotaxa”: um tiro no pé do bolsonarismo

Reportagem do G1, também publicada em 12/07, traz análises que indicam que a chamada “Bozotaxa” pode se voltar contra o próprio Bolsonaro, ao impactar negativamente setores econômicos que historicamente compõem sua base de apoio — como o agronegócio e parte do empresariado exportador. A narrativa de “defensor da pátria” desmorona quando os impactos concretos dessas medidas recaem sobre o bolso dos produtores rurais e industriais.

🇧🇷 O nacionalismo de fachada e o entreguismo real

Essa situação escancara o paradoxo do bolsonarismo: enquanto utiliza um discurso nacionalista simbólico — “Brasil acima de tudo” —, defende, na prática, um alinhamento automático e submisso aos Estados Unidos, mesmo quando esse alinhamento prejudica os interesses nacionais. O chamado “complexo de vira-lata”, denunciado por Nelson Rodrigues, se atualiza sob a forma de um entreguismo travestido de patriotismo.

❗Hipocrisia seletiva

Curiosamente, quando tarifas semelhantes foram aplicadas pelos EUA contra o Canadá — país totalmente alinhado com Washington — não houve comoção entre os defensores do bolsonarismo. Tampouco quando Trump impôs restrições contra aliados europeus. Mas, quando o Brasil é afetado, sob o governo Lula, a narrativa fabricada tenta imputar à diplomacia brasileira uma culpa que não tem.

soberania exige lucidez

A verdadeira soberania exige política externa ativa, diversificação de parceiros e firmeza diplomática — não submissão cega nem narrativas delirantes. A “Bozotaxa” não é produto de discursos de Lula, mas de uma estratégia protecionista americana. A insistência em imputar essa responsabilidade ao governo brasileiro revela, mais uma vez, que o bolsonarismo é forte em símbolos, mas frágil em coerência.

O Brasil precisa de soberania com consciência, e não de bandeiras agitadas por mãos entreguistas.


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