O Comércio da fé e Siglas Partidárias no Brasil.

 

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Vou iniciar esse texto fazendo uma analogia do comportamento dos mercadores da fé na época de Jesus Cristo, com os atuais donos dos partidos políticos, sejam eles direita, esquerda ou centro esquerda.

Na passagem do evangelho, quando Jesus Cristo expulsou do templo os vendedores de bois, ovelhas, pombas e cambistas, foi o momento que Cristo teve uma atitude bastante firme e enérgica com os mercadores, vejamos o relato em Lucas 19:46, “A minha casa será a casa de oração; vós, porém, a fizeste covil de salteadores”.

Por que Jesus expulsou os mercadores do templo? Jesus expulsou os mercadores porque estavam usando a casa de Deus para fazer negócio e roubar o povo. Eles não tinham respeito pela casa de seu Pai, o templo deveria ser um lugar especial onde as pessoas podiam vir para orar em paz.

E qual a relação desse ensinamento de Cristo com o mercantilismo  de siglas partidárias? Porque reduzir o movimento partidário a mero instrumento de negócios é profanar e vulgarizar a atividade política, criando um clima de desconfiança e total falta de credibilidade do povo na atividade partidária, situação que fragiliza a democracia e abre caminhos para o ressurgimento de lideranças nazifascistas e de regimes autoritários.

Quando Clístenes instaurou as primeiras instituições democráticas atenienses, em 508 a.C., os cidadãos de Atenas passaram a decidir diretamente em assembleia geral sobre os assuntos concernentes à cidade. Nesse modelo, era garantido: 1) a isonomia ou igualdade de justiça para todos cidadãos, sem qualquer distinção de classe, grau ou riqueza; 2) a isotimia, que abolia toda e qualquer forma de títulos ou funções hereditárias, o que possibilitava o livre acesso de qualquer cidadão ao exercício das funções públicas; 3) Isegoria, que garantia o direito do uso da palavra, isto é, a igualdade de todos os cidadãos, para manifestar-se nas assembleias populares, a fim de debater publicamente os assuntos do governo. Deixando claro que da democracia ateniense à democracia de partidos, que é nossa atual realidade, foi percorrido um longo caminho, com os partidos políticos desempenhando o processo de consolidação e desenvolvimento da democracia.

Entretanto, a interferência do “bezerro de ouro” (termo muito usado pelo saudoso Leonel Brizola), nos partidos políticos que defendem os princípios trabalhistas e a defesa da classe trabalhadora, significa um ataque às conquistas sociais e a transição do trabalho escravo para o trabalho livre, como também favorece o surgimento de lideranças autocráticas e regimes autoritários. 

Não há democracia sem liberdade de pensamento, sem o livre debate de ideias sobre assuntos de interesse geral, sejam de ordem econômica, social, espiritual ou política. Neste sentido, é fundamental, para a normalidade da democracia, a eleição dos dirigentes partidários pelo voto, assegurando a participação popular na política, dando um chega pra lá, nos atuais vendilhões dos sonhos da construção de uma sociedade menos desigual e mais inclusiva. Para isso, é preciso ter coragem de repensar o alicerce das convicções, e se isto não for possível, não passa de inovação utilitária, submissa aos mesmos princípios de perpetuação daqueles que sempre estiveram no poder.

Osvaldino Vieira de Santana, Salvador/BA,05/22/2021.





  

   



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