Por Osvaldino Vieira de Santana | 03 de junho de 2025
Em meio a debates cada vez mais urgentes sobre saúde mental, sustentabilidade e crise social, uma imagem da personagem Mafalda, criação do cartunista argentino Quino, voltou a circular e a provocar reflexões profundas. Na ilustração, a menina de olhar questionador aparece tentando “cuidar” de um planeta ferido, acompanhado da frase: “O planeta ficou doente porque está com a humanidade baixa.”
Importante destacar que essa não é uma citação literal de Mafalda nas tirinhas originais de Quino, mas uma leitura contemporânea que ecoa perfeitamente os pensamentos e críticas sociais que a personagem sempre expressou. Mafalda sempre representou uma voz sensível, inconformada e profundamente humanista, capaz de traduzir questões complexas em mensagens simples e impactantes.
A metáfora da “humanidade baixa” estabelece uma relação direta com o funcionamento do próprio corpo humano. Assim como adoecemos quando nosso sistema imunológico enfraquece, o planeta adoece quando há queda nos níveis de empatia, solidariedade, respeito, justiça e amor ao próximo. É uma crítica clara à desumanização crescente, à violência, ao descaso ambiental e às desigualdades sociais.
Essa reflexão ganhou ainda mais força durante o Seminário sobre Saúde Mental dos Professores, promovido pelo Instituto Casa Grande, que está acontecendo desde ontem, dia 02 de junho de 2025, e se estenderá até amanhã, 04 de junho de 2025. O evento tem reunido educadores, especialistas e profissionais da saúde para debater não só os desafios emocionais enfrentados pela categoria docente, mas também como o adoecimento coletivo da sociedade impacta diretamente nas relações humanas, na educação e no bem-estar social.
A frase, atribuída como interpretação do espírito crítico de Mafalda, nos leva a pensar: até que ponto nossas ações — ou a ausência delas — estão contribuindo para esse quadro de adoecimento global? A resposta não está apenas nas políticas públicas, mas também na maneira como cada indivíduo escolhe se relacionar com o outro, com o meio ambiente e consigo mesmo.
Se a humanidade é, de fato, o antídoto para as doenças sociais, é urgente restaurarmos os valores que nos fazem genuinamente humanos. Empatia, escuta, cooperação e responsabilidade coletiva não são apenas palavras bonitas; são práticas essenciais para curar não só a saúde mental das pessoas, mas também o planeta como um todo.