04-O Comércio da Fé e o Desvirtuamento do Cristianismo

 O Comércio da Fé e o Desvirtuamento do Cristianismo

Por Osvaldino Vieira de Santana



A história nos revela que, em sua passagem pela Terra, Jesus Cristo enfrentou com firmeza aqueles que transformavam a fé em um meio de lucro. No episódio dos vendilhões do templo, narrado nos Evangelhos, Cristo expulsou os comerciantes que faziam do sagrado espaço de oração um mercado de interesses terrenos. Sua indignação foi clara: "Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração’, mas vocês estão fazendo dela um ‘covil de ladrões’" (Mateus 21:13). Essa mensagem ressoa até hoje, sendo um alerta para o que se observa no cenário religioso contemporâneo.

Na poesia "Casa de Oração", trago essa reflexão de forma lírica e profunda, denunciando como muitos líderes religiosos se distanciaram dos verdadeiros ensinamentos de Cristo e transformaram templos e igrejas em espaços de exploração financeira. O Cristianismo, que deveria ser um refúgio espiritual, um caminho de amor, solidariedade e humildade, tem sido desvirtuado por seitas e falsas religiões que se aproveitam da boa-fé dos fiéis para fins próprios.

O Mercado da Fé e a Teologia da Prosperidade

Nos dias atuais, proliferam instituições religiosas que pregam a chamada teologia da prosperidade, um conceito que distorce a essência do Evangelho. Essa doutrina prega que bênçãos materiais e sucesso financeiro são sinais diretos da graça divina, condicionando a fé ao dinheiro e à doação financeira. Diferente da mensagem bíblica de amor ao próximo, humildade e desapego dos bens terrenos, essa prática cria um ambiente onde líderes religiosos se tornam empresários da fé, acumulando riquezas enquanto seus seguidores, muitas vezes em situação de vulnerabilidade, são persuadidos a doar tudo o que têm na esperança de um milagre financeiro.

O que vemos é uma nova versão dos vendilhões do templo, só que, desta vez, com discursos sofisticados, redes de televisão, marketing agressivo e até mesmo promessas de "compra" de bênçãos divinas. Igrejas se transformam em verdadeiros impérios financeiros, onde o valor da fé é medido pelo tamanho da contribuição.

A Verdadeira Mensagem de Cristo

Cristo nunca pregou a busca pela riqueza terrena como prova de fé. Pelo contrário, alertou sobre os perigos do apego ao dinheiro: "Não podeis servir a Deus e às riquezas" (Mateus 6:24). Ele ensinou que o Reino dos Céus pertence aos humildes, aos que praticam a caridade e vivem segundo os princípios do amor ao próximo. Seu exemplo foi de serviço e entrega, jamais de acúmulo e ostentação.

A fé genuína não pode ser negociada como um produto comercial. A espiritualidade não deve ser moeda de troca em campanhas milionárias. A verdadeira igreja de Cristo se faz no amor ao próximo, na caridade, na justiça e na verdade.

Diante desse cenário, cabe a cada cristão refletir: estamos seguindo os ensinamentos de Cristo ou sendo seduzidos pelo brilho do bezerro de ouro moderno?

A minha poesia "Casa de Oração" ecoa essa indignação e esse alerta. Como Cristo purificou o templo, devemos purificar nossa fé, voltando-nos para o Evangelho autêntico e livre de manipulações. É hora de relembrar que a casa de Deus é lugar de oração e não um mercado de ilusões.

Osvaldino Vieira de Santana Especialista em Política e Estratégia
Mestre em Educação de Jovens e Adultos


Casa de Oração

15/11/2024, por Osvaldino Vieira de Santana.

No templo entrou o Mestre, com voz de trovão,
Viu moedas brilhando, vultos de ambição,
Mesas repletas, cambistas sem temor,
Pombas em gaiolas, à venda sem pudor.

E Ele ergueu-se, de justiça inflamado,
O templo santo estava profanado!
Com mãos firmes, derrubou o ganho sujo,
Que manchava o sagrado, o puro, o justo.

— "A casa de meu Pai é de oração,"
Exclamou Jesus, com santa indignação,
"Mas vós fazeis dela um covil, uma prisão,
Para o ouro falso, para o vão coração."

Hoje, os templos brilham, cheios de artifício,
Onde alguns falam de fé e pedem sacrifício,
Mas nos olhos, escondem sede de poder,
E o bezerro de ouro volta a renascer.

São falsos profetas, que na fé veem tesouro,
Transformam o amor em puro ouro,
Manipulam o pobre, desviam o frágil,
Pelos próprios fins, num jogo ágil.

O Cristo vê, o Cristo chora,
Pois sua casa é oração, agora e outrora.
Aos que buscam o lucro e o vil proveito,
Que lembrem do templo, do grito perfeito:

— A minha casa é sagrada, não é feira,
É para os humildes, não para a esteira
De ouro e prata, que afasta o fiel,
Do céu do amor, do perdão fiel.

Que o templo seja, então, lugar de luz,
Onde o mais simples, o amor conduz.
E que os vendilhões, na sombra escondidos,
Ouçam a palavra e sejam redimidos.

https://open.spotify.com/intl-pt/album/7gkyuQaH2uuVhQvVfr4rUC?si=wBgrm5eZSy6swg4uI39XKw

☝Música no gênero musical forró baião, adaptação da poesia Casa de Oração.


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