A IMPORTÂNCIA DAS REUNIÕES DE CONCERTAÇÃO NAS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO INTEGRAL

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A sociedade do século XXI é marcada pela inserção das tecnologias da informação e da comunicação em todos os setores da vida humana. Nesta sociedade, o consumismo é a estratégia de sustentação dos pilares do capitalismo que tem como a única preocupação o lucro sem nenhum compromisso efetivo com a natureza ou o modelo de produção para sustentar o consumo.

Para que a produção continue atendendo aos critérios de acumulação, constata-se um aumento quantitativo e qualitativo dos riscos. E dentre os riscos, a degradação ambiental tem preocupado a sociedade e os estudiosos, pois esses  apontam o colapso do planeta. Verifica-se uma destruição do meio ambiente, de forma rápida e violenta, que vem a atingir o próprio ser humano.

Neste sistema,  persiste  o cenário desolador que mantém a população excluída dos bens sociais e da cidadania, onde o poder vigente se mantém concentrado nas mãos das elites atrasadas que os esforços são para que impeçam a ascensão social das classes trabalhadoras. Tal comportamento das classes socialmente abastadas contribuem diretamente para ampliar as desigualdades sociais e a pobreza em todo o mundo.

Uma alternativa para superar tais situações consiste em planos de educação robustos para que tenha uma massa de jovens profissionalizados para atender as exigências de um mercado de trabalho em que as tecnologias são os parâmetros para a produção.

Entretanto, cerca de 36% dos jovens brasileiros não estudam e nem trabalham, constituindo o grupo conhecido como como geração “nem-nem”, resultado de uma sociedade estruturada no sistema escravista, onde o crescimento demográfico, que tem sido bem maior nas camadas mais pobres que nas camadas mais ricas, reproduzindo a geração “nem-nem” devido a uma educação de má qualidade que não garante habilidades e competências para lidar e se adaptar  com os atuais exigências dos aparatos tecnológicos, fatos que contribuem para manutenção da brutal desigualdade social.

Para romper com os grilhões, que aprisionam essa população nesse modelo de  servidão, se faz necessário uma educação libertadora que despertará a consciência coletiva para valorização da  liberdade e da conquista da convivência democrática.

Nessa perspectiva libertária, é fundamental recorremos aos legados dos nossos pensadores humanistas, Anísio Teixeira, Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Cristovam Buarque que apontaram e testaram modelos educacionais que precisam ser valorizados e contextualizados com os dias atuais e implementados como políticas de  estado.

É fato que a implementação da concepção de educação Anisiana requer um redimensionamento de recursos para a edificação de estruturas e equipamentos, objetivando atender aos modelos das Escolas de Educação Integral.

No período que Anísio Teixeira  idealizou a Escola Parque, em Salvador, no ano de 1950, existia a escassez de recurso orçamentário, fato que impossibilitou que esse modelo de escola fosse replicado Brasil afora. Neste período, o Brasil atravessava uma total dependência de recursos externos para financiamento de projetos estruturantes no setor industrial e elétrico, sem contar que o investimento em educação pública não era prioridade de governo. 

Retomando ao legado anisiano, freireano se faz necessário ressignificar as práticas pedagógicas propostas alinhadas com os novos desafios dos dias atuais, em sintonia e diálogo direto com a população no que tange a salvaguardar as conquistas do segmento educacional público demolindo as barreiras que mantém a população na condição de servidão.

Essas mobilizações  e participações conectadas com as  comunidades escolares envolveria todos atores responsáveis pelo funcionamento das escolas públicas, atores da comunidade interna, gestores, professores, coordenadores pedagógicos, colaboradores e os atores externos, como prefeito, vereador, lideranças religiosas (não fanáticas), representações de associações, conselho tutelar, ministério público, liga de esportes, etc.

A reunião com esses atores, representando diferentes espectros da sociedade, teria como objetivo a criação de entendimentos, visando a valorização do território possibilitando o uso de espaços, equipamentos públicos não governamentais e privados, tudo dentro de um planejamento acordado pelas partes envolvidas e comprometidas com o projeto maior de assegurar a qualidade do ensino público.

Vale ressaltar que nas décadas de 40 e 50, períodos da idealizada inauguração da primeira escola modelo, não existiam essas estruturas e equipamentos disponíveis hoje nos territórios, razão porque faço essa provocação no intuito de chamar atenção dos atores comprometidos com a temática da educação pública, no que tange a necessidade de um debate mais profundo, contextualizando novos desafios, como também novas possibilidades.

 

 

 

Salvador/Ba, 16 de Dezembro de 2023.

Osvaldino Vieira de Santana

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