23-Trabalho Alienado e a Urgência da Educação Libertadora

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Trabalho Alienado e a Urgência da Educação Libertadora 

(Música:  A Corrente Invisível)

Salvador, 14 de dezembro de 2024





O fenômeno da servidão voluntária, descrito no século XVI por Étienne de La Boétie, permanece assustadoramente atual. Em tempos de globalização, avanços tecnológicos e crises sociais, milhões de pessoas se veem presas a um sistema que, por sua natureza, aliena e submete.

La Boétie, em seu Discurso sobre a Servidão Voluntária, questiona por que multidões se submetem ao poder opressor de um só ou de instituições, sem resistência. Este questionamento ressoa nas análises de Karl Marx sobre o trabalho alienado, em que o indivíduo perde a conexão com sua própria produção e, consequentemente, com sua humanidade. Hoje, trabalhadores submetem-se a jornadas exaustivas e sistemas desiguais, movidos pela “doçura da alienação”, conforme descrita pelo filósofo.

Para romper este ciclo, Paulo Freire propõe a educação libertadora como caminho para a emancipação. Em sua pedagogia, Freire defende que a educação crítica e dialógica permite que o indivíduo tome consciência de si e do mundo ao seu redor, transformando-se em agente de sua própria libertação. Sem essa reflexão, a servidão voluntária, apontada por La Boétie, perpetua-se, muitas vezes, disfarçada no conforto do conformismo.

O diálogo entre os dois pensadores se materializa nas lutas contemporâneas por direitos e justiça social. Enquanto Freire propõe a educação como instrumento de conscientização, La Boétie alerta para a necessidade de resistência coletiva frente à opressão. Ambos convergem na defesa da liberdade e da autonomia, princípios fundamentais para movimentos sociais e iniciativas de educação popular que buscam a emancipação.

No Brasil, onde a desigualdade e o trabalho precarizado ainda assombram milhões, revisitar esses pensadores é fundamental. A emancipação, através da educação crítica, é o antídoto necessário para quebrar as correntes da alienação e servidão voluntária no século XXI.

01-A

A Corrente Invisível
Autoria: Osvaldino Vieira de Santana

14/12/2024, Professor, Historiador e Especialista em Política e Estratégia


Há tempos antigos, La Boétie escreveu,
Das mãos que se rendem sem grilhões a temer.
O tirano é só sombra que o povo ergueu,
Um colosso que cai, se o deixar de manter.

No chão dos séculos, Marx nos alertou,
Do labor que se perde, da alma roubada,
O homem que cria, mas já não sonhou,
Preso à engrenagem, à vida alienada.

Porém, surge Freire com luz no olhar,
Educação liberta, com verbo e ação,
Quem aprende o mundo começa a lutar,
E rompe as correntes da alienação.

Que saibam os homens, que gritem as ruas,
Da servidão doce é preciso acordar.
Que a liberdade, nas mãos tão suas,
Espera o momento de enfim triunfar!

23-B

link da Música adaptada do poema “A Corrente Invisível”, gênero folk , < https://open.spotify.com/intl-pt/album/5ET5H3toRH1sx9XsTg63Tp?si=Y9sJtAUsTW2gyKw9qgs79g> postada na plataforma Spotify.



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